Olá, amigos!
Hoje, posto mais um capítulo dessa epopeia!
Sim, estou conseguindo produzir bastante por estes dias. Isso não é uma beleza???
Brincadeiras à parte, vamos então nos entreter com mais um pedacinho desta dinâmica aventura, nes't pa?
Vamos nessa...
31
Seguimos
para a área do cerimonial onde - pela primeira vez - foi feita a
chamada. Dois estavam faltando. Um deles era o Silveira(o chorão).
Pensei com meus botões que estes iam se lascar de verdade. Faço uma
pequena careta ao imaginar como deveria ser ficar preso no quartel.
Espero nunca ter de descobrir.
Somos
conduzidos para uma outra sala, diferente da que já estávamos
acostumados. Esta situava-se no lado oposto à Base Aérea, em um
pavilhão conjugado ao muro de divisa, no primeiro pavimento. Era
enorme. Deveria ter, talvez, uns 250 metros quadrados. Suas paredes -
com exceção onde ficavam as janelas - estavam cheias de mapas
extremamente detalhados. Do bairro onde estávamos, da cidade, da
região metropolitana, do estado e por fim de toda a região sul do
Brasil, que era a 5ª Região Militar. Cada um deles em várias
escalas. Próximo à mesa do instrutor ficava uma grande maquete
envidraçada do batalhão, em um nível de detalhe que eu nunca tinha
visto antes. Ali, o "jagunço" passa o comando da
instrução para uma terceiro-sargento e se retira. Ele era mais
baixo do que eu, não mais do que 1,70 metro. Olhos e cabelos claros.
Expressão de inteligência e calma. Bigode claro e bem aparado. Me
passou a impressão de não ser um neurótico como o sargento
Barreto. Se apresenta:
-
Bom dia, senhores! Eu sou o terceiro-sargento Canestraro. Os senhores
sabem por que estão aqui? - pergunta, numa voz de um timbre
intermediário entre grave e agudo, com leve sotaque "gaúcho".
-
Não, senhor! - respondemos, mal prestando atenção à pergunta,
dado o grau de deslumbramento da cambada.
Ele
ordena que nos sentemos. Só então continua:
-
O objetivo da pesença dos senhores aqui hoje...
"Senhores?"
...
é o início do seu aprendizado em técnicas de orientação, que
consistem basicamente de duas coisas: A leitura exata de mapas e uso
correto de uma bússola. Tudo o mais depende disso. Hoje começaremos
com a teoria. Aprenderão o princípio de funcionamento da bússola.
O que são pólos magnéticos. O que é e como funciona o campo
magnético do planeta. O que significa o norte verdadeiro e o norte
geográfico e compreender como mensurar as diferenças entre eles. O
que são graus e como eles se aplicam na navegação, seja terrestre,
em cursos d'água ou em mares e oceanos. A relação entre astronomia
e orientação espacial..."
Esta
preleção foi longa, mas muito interessante. Não só pra mim, pude
perceber. A galera estava "ligada". Sempre me interessei
por astronomia, e na escola ficava ansioso para aprender mais, depois
que o professor de ciências aguçava a nossa curiosidade com aqueles
singelos exercícios de localizar o norte geográfico a partir da
direção onde o Sol nasce. Lembro-me de desenhar nos cadernos muitas
e muitas vezes a rosa-dos-ventos, bem como mapas de regiões reais e
imaginárias para matar o tempo nas férias escolares. De fazer
maquetes, inclusive uma que ganhou um prêmio da escola, toda
confeccionada em cartolina do Parque de Ciências onde tínhamos ido
numa excursão da escolar.
Devo
dizer que o Canestraro possuía didática e "domínio de
público" excelentes. Completamente diferente daquele cabo
armeiro estúpido que nos ministrara sua especialidade na semana
passada. Tanto é que a manhã passou numa velocidade incrível.
Quando dei por mim, a turma já estava sendo dispensada para o
almoço.
Desta
vez fomos simplesmente dispensados ainda dentro da sala, sem formar
fila para seguir pro refeitório, sem ninguém para nos conduzir,
nada disso. Estranhei, porque fugia à regra a que tíhamos nos
acostumado. Bom, deve ser o estilo de cada instrutor. Uns são
carrascos, outros razoáveis. Uns rígidos, outros flexíveis...
Chegamos
ao refeitório, pegamos o grude e como sempre os "quatro
cavaleiros do apocalipse" sentam-se juntos(o Jackson com certeza
era o Fome!). Não sei porque, mas achei que a comida estava mais
palatável hoje. Pensei comigo que provavelmente já estava
"desenvolvendo paladar". É que nem o sujeito que toma
cerveja pela primeira vez. No começo, o troço é um fel. Com o
passar do tempo fica uma delícia!!(experiência pessoal, minha
gente!).
O
papo corre sem amarras. Mas como sempre, sou eu quem puxa o assunto:
-
Que estranho! Posso estar enganado mas, nós não teríamos TFM na
instrução da manhã? Não foi isso que o jag... sargento Barreto
nos disse sexta-feira?
-
Não estou lembrado, Flávio. - responde o Vinícius, antes de
colocar uma garfada na boca.
-
Disse sim, eu lembro muito bem! - falou o Jackson de boca cheia,
cuspindo uns caroços de feijão no processo.
Nós
três olhamos para ele ao mesmo tempo. O Sandro nada diz, apenas
cerca sua bandeja com os braços, no intuito de protegê-la de uma
possível nova saraivada.
-
Velho, "cê" não consegue engolir a comida antes de falar?
- pergunto.
Ele
apenas murmura:
-
Desculpa aí! - responde, abrindo aquele sorrisão que já virou sua
marca registrada.
-
Pois é. - prossigo - O que será que houve? Por que esta mudança de
escala?
E
continuo, agora num tom de voz conspiratório:
-
Será que o "batatinha" ficou sem jipe?
Gargalhada
geral. Nós quatro rimos desbragadamente, chamando a atenção de
todos os que estavam nas mesas em volta. Os "antigos' não
gostaram nada daquilo. Ficaram nos olhando de cara feia, talvez
achando que estávamos fazendo troça deles. Dando-nos conta da
atenção indevida que atraímos, nos fechamos em copas outra vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário